sábado, 2 de junho de 2007

Esse poema vai para o Gilvan!

OS SAPOS

Manuel Bandeira

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei" - "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quando é vário,
Canta no martelo."

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!"

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No porão profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...

Um comentário:

Cineclube Cururu disse...

olá pessoal do pontos de corte da regional 6.

é uma surpresa incrível entrar nesse blog e perceber que vocês estão já avançando bastante nos trabalhos estimulados pelo curso.

dá pra perceber que vocês não precisam de muito para avançarem nas ações possíveis dentro dos bairros e no mundo virtual.

adooooorei o cururu, e as idéias de projeção e ocupação dos espaços da regional que vocês estão planejando.

espero poder encontrá-los em breve aí nas aulas ou em alguma sessão do cine cururu. pra mim é bem facinho pq eu moro tb na regional 6. logo ali na sabiaguaba.

parabéns pelas iniciativas criativas. é mais do que hora de agitar essa belíssima região da nossa cidade.

beijos enooooormes!

gláucia soares
coord. da escola de audiovisual