OS SAPOS
Manuel Bandeira
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."
Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei" - "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quando é vário,
Canta no martelo."
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!"
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No porão profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...
sábado, 2 de junho de 2007
Esse poema vai para o Gilvan!
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Um comentário:
olá pessoal do pontos de corte da regional 6.
é uma surpresa incrível entrar nesse blog e perceber que vocês estão já avançando bastante nos trabalhos estimulados pelo curso.
dá pra perceber que vocês não precisam de muito para avançarem nas ações possíveis dentro dos bairros e no mundo virtual.
adooooorei o cururu, e as idéias de projeção e ocupação dos espaços da regional que vocês estão planejando.
espero poder encontrá-los em breve aí nas aulas ou em alguma sessão do cine cururu. pra mim é bem facinho pq eu moro tb na regional 6. logo ali na sabiaguaba.
parabéns pelas iniciativas criativas. é mais do que hora de agitar essa belíssima região da nossa cidade.
beijos enooooormes!
gláucia soares
coord. da escola de audiovisual
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